A endometriose é uma condição que pode levar até 10 anos para ser diagnosticada de forma precisa, o que significa um longo período de dores intensas, entre outros sintomas para muitas mulheres. Durante o mês de conscientização sobre a doença, “Março Amarelo”, o Jornal Correio conversou com a nutricionista Dra. Ana Paula Rios, para entender melhor essa condição e as formas de tratamento disponíveis.
De acordo com Ana Paula, a endometriose é o crescimento anormal do endométrio, tecido que envolve o útero. Esse crescimento pode tomar conta de outros órgãos, como intestino e bexiga.
Sintomas
Esse crescimento anormal pode causar sintomas intensos, como cólicas no período menstrual, dor ao evacuar e ao urinar, e até dor durante a relação sexual. A especialista também destaca que, em casos mais graves, a doença pode causar dores em baixo ventre que podem irradiar para as pernas e comprometer inclusive o sistema nervoso, o que favorece o aparecimento de ansiedade e sintomas depressivos.
Causas
Existem diferentes teorias para explicar o desenvolvimento da endometriose. Ana Paula explica que a menstruação retrógrada, em que o sangue menstrual volta para a cavidade pélvica, é uma das possíveis causas. Alterações hormonais e fatores imunológicos também são apontados como possíveis causas, assim como processos cirúrgicos, como cesáreas, que podem gerar aderências de células no local do corte no útero.
Diagnóstico
A dificuldade em obter um diagnóstico preciso é uma realidade para muitas mulheres. “Infelizmente, existem mulheres que passam por até 10 anos sem um diagnóstico preciso”, revela Rios. A falta de profissionais especializados, a ausência de escuta ativa e o atendimento pouco humanizado são fatores que contribuem para essa longa espera.
O diagnóstico é iniciado a partir da observação cuidadosa dos sintomas relatados pela paciente e é confirmado, geralmente, por exames de imagem realizados por médicos.
Na rede privada, Rios destaca a importância de buscar profissionais especializados e qualificados, tanto médico como nutricionista. Já no sistema público, há a promessa de acesso integral ao tratamento e medicamentos através do Projeto de Lei 85/25, que institui a garantia de acesso universal ao tratamento da endometriose no Sistema Único de Saúde (SUS), mas a demora no atendimento ainda é um obstáculo. “Infelizmente, na rede pública, essa morosidade é algo que a mulher com endometriose não pode se deparar”, ressalta a nutricionista.
Cura
Embora a endometriose não tenha cura, Ana Paula destaca que há tratamentos que podem controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. “O tratamento nutricional é uma alternativa importante, pois pode evitar que a paciente precise recorrer a intervenções cirúrgicas, que são considerados como última opção”.
Impactos da doença
A endometriose não afeta apenas o corpo, mas também a vida profissional, emocional e reprodutiva das mulheres. O impacto da dor constante e a preocupação com a fertilidade podem causar sofrimento psicológico e afetar a vida social e os relacionamentos. No entanto, a especialista explica que, felizmente, com os avanços no tratamento, muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar e viver de forma plena.
“Antes, ter endometriose era tido como um sintoma de infertilidade. Felizmente, essa situação mudou ao longo do tempo, até pela evolução dos estudos, acesso a tratamentos especializados e possibilidades de remissão”, diz ela.
Conscientização
Segundo a profissional, a existência de um mês dedicado à conscientização sobre a endometriose, como o Março Amarelo, “mostra o quão importante é a política de conhecimento, conscientização e busca por tratamento”. Ela enfatiza que é crucial que profissionais da saúde continuem falando sobre o assunto e mostrando as possibilidades de tratamento.
Quando procurar um especialista
Por fim, Ana Paula alerta que os sinais de alerta para a busca por um especialista geralmente só se intensificam quando o desejo de maternidade surge. “Não é normal conviver com fluxos menstruais intensos e dores incapacitantes como se fossem ‘crenças limitantes’. Endometriose tem tratamento e toda mulher merece ter acesso a tratamentos de excelência”, afirma.
Para mais informações, acompanhe a nutricionista Dra. Ana Paula Rios pelo Instagram @anapaulatrios
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