A própria residência é o principal risco para vítimas de estupro de vulnerável. Afinal, de cada 10 casos, sete ocorrem dentro do próprio lar. Isso se explica, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, pelo fato de 71,5% das ocorrências apresentarem como autor do crime um integrante da família. Nesse estudo, 44% dos casos foram cometidos por pais ou padrastos. Demais 22,3%, os acusados são avós, tios, primos e irmãos.
“Além disso, o abusador tende a manipular a criança com ameaças ou subornos, o que garante o silêncio da vítima”, diz o pesquisador Simon Conte. Outros 21,6% dos acusados eram conhecidos da vítima (como vizinhos e amigos), mas sem parentesco. Essa proximidade do agressor com a família dificulta a revelação dos crimes, além de um sentimento de culpa ou mesmo vergonha que costumam estar presente na criança impedem que os casos sejam comunicados à polícia.
De acordo com a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cristina Neme, “o perfil do agressor é de uma pessoa muito próxima da vítima, muitas vezes seu familiar”, como pai, avô e padrasto conforme identificado em outras edições do anuário. Para a pesquisadora, o fato de ocorrer a reincidência indica que “tem algo estrutural nesse fenômeno”.
Conforme a pesquisadora do Fórum, a mudança de comportamento dependerá de campanhas de educação sexual e maior assistência e atendimento integral às vítimas e famílias. Além disso, a escola tem papel fundamental para identificar episódios de violência, mas principalmente em fornecer o conhecimento necessário para que as crianças entendam sobre abuso sexual e sejam capazes de se proteger.
O post Nos casos de estupros contra criança, 71% dos agressores são ligados à família, indica Anuário Brasileiro de Segurança apareceu primeiro em Correio de Itapetininga.