Curso superior gratuito paralisa sua expansão

Nos últimos oito anos, a expansão dos cursos gratuitos de graduação da Fatec e do IFSP foi paralisada em Itapetininga. No período, ex-prefeita Simone Marquetto (MDB), que governou a cidade por seis anos, e atual deputada federal, por um ano e meio, não colocou isso como prioridade de sua gestão. Na ocasião, Marquetto, tinha em Brasília um integrante do mesmo partido na presidência da República, Michel Temer. Mesmo assim, as instituições de curso superior não foram ampliadas.

É o que constata ao verificar a documentação de criação dos cursos. No caso da Fatec, a tratativa para a vinda foi iniciada na gestão Ricardo Barbará, continuada e consolidada na gestão Roberto Ramalho. O governo Di Fiori completou a expansão com mais duas graduações. No caso do IFSP, a conversa e a consolidação da instalação ocorreram na gestão Ramalho. Com a ampliação das graduações, na administração Hiram Júnior, em 2016. Em 2017, com a posse de Marquetto, foi congelada a ampliação de cursos gratuitos de graduação.

 

Campus estadual
Mesmo tendo uma ligação forte com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a líder política regional não coloca na mesa a solicitação de um campus da Unesp, Unicamp ou USP como fator de desenvolvimento regional. Marquetto integrou o grupo de transição do governo e se reúne com frequência com o Executivo estadual para tratar de assuntos políticos.
Na semana passada, reiterou que irá votar “seguindo as posições do governador” sobre a reforma tributária. Em outros temas, a deputada também segue o receituário do gestor estadual, como a venda da Sabesp e o fechamento do DER. Dois temas que devem gerar controvérsias no futuro e repercussões negativas em empregos e na tarifa de água aos usuários.

 

Universidade Federal
Com trânsito com o poderoso presidente do Congresso, Arthur Lira (PP), a deputada federal também não reivindica a implantação de novos cursos no IFSP ou a vinda de uma universidade federal em Itapetininga. Dentro de uma linha ideológica próxima de Lira, Marquetto prefere levar como principais bandeiras temas religiosos e de comportamento, ou ainda a redução dos direitos femininos sobre o aborto.

Impactos Econômicos
Conforme estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a criação de um campus impacta positivamente na economia regional. Seja pela geração de empregos, seja pelos investimentos em infraestrutura, ou ainda, pelos possíveis desdobramentos sobre a demanda por bens e serviços. Isso incrementaria em 0,74% o PIB municipal, entre a aplicação de recursos federais e consumo de professores e campus com 1.200 alunos, apontou a “Expansão da universidade pública e o seu Impacto na economia local”.

“Mais especificamente, são testados os impactos sobre a renda domiciliar per capita média dos municípios”, relatou o documento intitulado “Impacto da criação das novas universidades federais sobre as economias locais”. Entre os benefícios, está injeção de 7,8% de recursos federais num campus federal. Itapetininga tem IFSP, mas poderia ter também a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Estudantes vulneráveis
Assim, as universidades púbicas, Fatec e IFSP desempenham importante papel no desenvolvimento regional, contribuindo para mitigar, as disparidades econômicas e sociais. Outro fator relevante é que 28% dos alunos não fariam nenhum outro curso superior, o que ocasionaria uma perda de oportunidade para qualificação de mão de obra da cidade, aponta estudo.

Segundo o IBGE, dos alunos que completaram o ensino médio na rede pública, 64% não irão para faculdade. Conforme a pesquisa, o Brasil é onde há o maior retorno salarial para quem tem nível superior completo entre os 36 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Quem tem diploma no Brasil ganha 2,5 vezes mais do que alguém com ensino médio, enquanto entre os países da OCDE a média é de 1,6 vezes mais.
Simone foi procurada mas preferiu não se manifestar.

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