Milton Cardoso
Especial para o Correio
É primordial o trabalho de pesquisa que o aposentado Cícero Vaz de Almeida realiza sobre a memória do esporte itapetiningano, em especial do Clube Atlético Sorocabana, o CASI. Em 2019, Cícero escreveu o livro “CASI 75 anos – Tanto Suor Derramado, Não Poderia Ficar em Vão”. Recentemente, produziu “Casi quem tem História Conta”, pelo Clube dos Autores, livro que irá presentear o time natalense, CD Jiqui, equipe que os veteranos do CASI enfrentarão em outubro deste ano.
Cícero explica que a ideia do livro surgiu no ano passado, quando os veteranos do CASI fizeram uma partida em Maceió. “Acredito que sempre é importante entregar à imprensa e aos organizadores um pouco da história do clube e da importância de nossa cidade no cenário nacional. Assim que penso”, argumenta. Ele ainda ressalta: “É muito importante para a história do futebol de Itapetininga que outras equipes amadoras, ou as que representaram a cidade no futebol profissional, tenham a sua história contada em livros para a preservação da memória e destinada aos amantes do esporte e da história de Itapetininga”.
História para nunca ser esquecida – De forma sucinta, o autor procura condensar em duas páginas um pouco da história da ferrovia paulista para, em seguida, contar a história do surgimento do CASI e de suas conquistas no decorrer das décadas até as mais recentes.
Cícero explica que, segundo alguns pesquisadores, houve diversos times ferroviários na cidade na década de 1930. Foi somente na década posterior que a ideia de uma agremiação ganhou força. Em 11 de junho de 1945 foi fundado o Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga (CASI).
O primeiro campo do time casiano era de chão batido e duro, localizado na avenida Dr. Virgílio de Rezende com a rua Francisco Válio, conhecido como “Campo do Salem”. Gradativamente, seus diretores formaram uma equipe para enfrentar sua grande adversária à época, a Associação Atlé¬tica de Itapetininga.
Os memoráveis clássicos ficaram marcados na história do futebol varzeano. “Quando essas equipes se en¬frentaram nos amistosos ou cam¬peonatos, muitas surpresas acon-teceram, briga das torcidas, dos jogadores, sombrinhadas das tor¬cedoras do CASI durante o jogo nos atletas da Associação, a cerca de madeira muito baixa era ape¬nas um metro da marca lateral do campo. Vitória sempre de um ou de outro lado, mas, após o término do jogo, voltava-se ao normal. Era só no momento do jogo que as paixões se inflama¬vam”, escreveu o saudoso Roque Rolim Guilherme.
O campo da Rua Padre Albuquerque foi inaugurado posteriormente na década de 1950. “Empolgados com a construção do novo estádio, a diretoria, que valorizava o futebol de campo, embora tivesse também equipe de pedestrianismo, passou a contratar jogadores principalmente da capital. O clube tinha formado grandes esquadrões desde o início da sua fundação, agora sonhava mais alto, campeonatos da Federação Paulista de Futebol”, explica Cícero em seu livro.
O autor de “Casi quem tem História Conta” afirma que a torcida casiana era a mais “vibrante” de Itapetininga. “Um torcedor (dizia) que ouvia de sua casa cerca de quase 2 km do estádio o barulho da torcida vibrando com os lances dos craques do CASI”, escreve.
A profissionalização do futebol teve o apoio da Estrada de Ferro Sorocabana, pois os funcionários que se tornavam sócios do clube tinham a mensalidade descontada no demonstrativo de pagamento. Em 1971, a Fepasa retirou esse tipo de desconto, “foi proibido pela empresa. Nota-se que a partir daí o futebol do CASI viveu do amadorismo, sem grandes sonhos”, explica Cícero.
Além do futebol de campo, o livro cita de forma rápida algumas dependências do clube, como a antiga cancha de bochas, a piscina do clube, a pista de atletismo (“disparada a melhor pista da cidade e da região” e a quadra de futebol de salão (hoje futsal), “modalidade que mantém até hoje, com mais força no futsal feminino”, relembra.
Acertadamente, o autor cita o protagonismo feminino da equipe de futsal do CASI, entre elas, a conquista do tricampeonato da Supercopa Record de Futsal Feminino, uma das mais importantes competições da modalidade do interior paulista. “A torcida voltou a ver aquela tradicional camisa branca e vermelha vencendo nas quadras, fato que com certeza muitos jamais imaginariam que iria acontecer”, conta.
Nessa recente publicação, Cícero cita com entusiasmo as recentes mudanças no tradicional clube, como a arena, o campo de futebol Society, a quadra de beach tennis, pista para caminhada e a restauração do museu ferroviário (reabertura ocorrida no último dia 7). É inegável, no estudo da cultura brasileira, a importância dos clubes surgidos a partir do futebol. “Casi quem tem História Conta” é escrito por um apaixonado pelo clube e por sua cidade e, apesar de apressado, com suas 60 páginas “para guardar para posterioridade, acredito ser de grande valia”, reflete. Pode ser. Essa publicação serve de apoio a estudos mais aprofundados sobre a sociedade e a memória itapetiningana.
Trecho – “De manhã ou à tarde, você não sabia em qual campo se dirigir, todos tinham grandes jogos. O campo do Aparecida FC, hoje, é rodoviária, o campo do São Paulinho hoje com belas casas, o campo do Operário hoje é um shopping, o campo do Olaria hoje condomínio, o campo do Nacional, hoje, uma moderna via com acesso a zona sul da cidade, o campo do XV hoje loja de materiais de construção, o campo do Botafogo, hoje, uma praça em frente a uma bela igreja, enfim tudo se acabou. Acirrados campeonatos varzeanos que prendiam a atenção do torcedor, chegando ao ponto do Derac, que representava a cidade nos campeonatos estaduais, pedir para a liga não marcar jogos no mesmo horário que o time Deraqueano jogava. Década de 50, 60, 70 foi o ponto alto do futebol de várzea de Itapetininga (…)”.
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