Em cartaz há mais de cinco anos, “O Maquinista”, espetáculo do Grupo Pavilhão da Magnólia, entra em cartaz durante dois finais de semana, no Sesi Itapetininga, convidando o público a embarcar na história de Antônio Maquinista, um ator golpista que, ao fugir de uma punição iminente, encontra abrigo improvável no bando de Lampião.
Com dramaturgia de Astier Basílio e direção de Herê Aquino, a montagem combina elementos históricos, sátira e musicalidade para revisitar o imaginário do cangaço sob uma perspectiva crítica e inovadora.
Ao Correio, o grupo relatou que o texto nasceu da curiosidade de Basílio, que encontrou a figura de Antônio Maquinista enquanto lia o livro “Guerreiros do Sol”, de Frederico Pernambucano de Mello. Fascinado pelo ator que enganava cidades inteiras com promessas teatrais, o dramaturgo percebeu a potência dramática e cômica de suas peripécias, especialmente quando o personagem se viu alistado no bando de Lampião para escapar de represálias.
O desafio da montagem foi adaptar esse contexto histórico para o palco sem perder de vista o caráter mítico do cangaço e os debates sociais contemporâneos. “O cangaço é um tema amplamente explorado, mas optamos por ir além da estética tradicional. Refletimos sobre o poder, o coronelismo e o jeitinho brasileiro, sempre com um tom irônico e contestador”, diz o grupo.
O espetáculo é organizado em quadros que apresentam os encontros do protagonista com personagens como o padre, o barbeiro, o coronel e os cangaceiros. Esses personagens representam arquétipos que dialogam com questões ainda presentes na sociedade brasileira, como a desigualdade social e de privilégios. Segundo o grupo, o objetivo é “destronar o rei” e expor, com humor, as engrenagens que sustentam as estruturas de poder.
Para o Pavilhão da Magnólia, “O Maquinista” também marca um divisor de águas na sua trajetória de 20 anos. A montagem exigiu dos integrantes um estudo em novas linguagens e práticas cênicas, como a integração da música autoral ao vivo, que para os atores, é um elemento essencial para a narrativa, assim como instrumentos tradicionais e contemporâneos que se misturam, indo do baião ao rap.
Desde sua estreia em 2018, o espetáculo já participou de importantes festivais e se adaptou até ao formato digital, com uma versão realizada pelo Zoom durante a pandemia, a convite do Sesc Ceará. Essa flexibilidade, de acordo com os atores, reflete o espírito do grupo, que busca constantemente romper barreiras e ampliar os limites da cena teatral.
“A nordestinidade está presente, mas não de forma limitada. Queremos retratar o humano em todas as suas contradições, transitando entre o mítico e o contemporâneo. Como Guimarães Rosa disse, ‘o sertão é o mundo’, e é essa amplitude que exploramos em cada montagem”, finalizam.
O espetáculo estreia no dia 17 de janeiro, às 20h, no Sesi Itapetininga e contará com mais cinco sessões ao longo dos próximos fins de semana. Os ingressos gratuitos estão disponíveis na plataforma Meu Sesi. É permitido dois ingressos por CPF, sendo necessário fazer cadastro no primeiro acesso à plataforma. São 60 minutos de apresentação que aproximam o público das diferentes linguagens artísticas.
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