Peça teatral “O Maquinista” realiza temporada em cartaz

Em cartaz há mais de cinco anos, “O Maquinista”, espetáculo do Grupo Pavilhão da Magnólia, entra em cartaz durante dois finais de semana, no Sesi Itapetininga, convidando o público a embarcar na história de Antônio Maquinista, um ator golpista que, ao fugir de uma punição iminente, encontra abrigo improvável no bando de Lampião.

Com dramaturgia de Astier Basílio e direção de Herê Aquino, a montagem combina elementos históricos, sátira e musicalidade para revisitar o imaginário do cangaço sob uma perspectiva crítica e inovadora.

Foto -  Luiz Alves
Foto – Luiz Alves

Ao Correio, o grupo relatou que o texto nasceu da curiosidade de Basílio, que encontrou a figura de Antônio Maquinista enquanto lia o livro “Guerreiros do Sol”, de Frederico Pernambucano de Mello. Fascinado pelo ator que enganava cidades inteiras com promessas teatrais, o dramaturgo percebeu a potência dramática e cômica de suas peripécias, especialmente quando o personagem se viu alistado no bando de Lampião para escapar de represálias.

O desafio da montagem foi adaptar esse contexto histórico para o palco sem perder de vista o caráter mítico do cangaço e os debates sociais contemporâneos. “O cangaço é um tema amplamente explorado, mas optamos por ir além da estética tradicional. Refletimos sobre o poder, o coronelismo e o jeitinho brasileiro, sempre com um tom irônico e contestador”, diz o grupo.

O espetáculo é organizado em quadros que apresentam os encontros do protagonista com personagens como o padre, o barbeiro, o coronel e os cangaceiros. Esses personagens representam arquétipos que dialogam com questões ainda presentes na sociedade brasileira, como a desigualdade social e de privilégios. Segundo o grupo, o objetivo é “destronar o rei” e expor, com humor, as engrenagens que sustentam as estruturas de poder.

Foto -  Luiz Alves
Foto – Luiz Alves

Para o Pavilhão da Magnólia, “O Maquinista” também marca um divisor de águas na sua trajetória de 20 anos. A montagem exigiu dos integrantes um estudo em novas linguagens e práticas cênicas, como a integração da música autoral ao vivo, que para os atores, é um elemento essencial para a narrativa, assim como instrumentos tradicionais e contemporâneos que se misturam, indo do baião ao rap.

Desde sua estreia em 2018, o espetáculo já participou de importantes festivais e se adaptou até ao formato digital, com uma versão realizada pelo Zoom durante a pandemia, a convite do Sesc Ceará. Essa flexibilidade, de acordo com os atores, reflete o espírito do grupo, que busca constantemente romper barreiras e ampliar os limites da cena teatral.

A montagem exigiu dos integrantes um estudo em linguagens e práticas cênicas, como a integração de instrumentos. Foto -  Luiz Alves
A montagem exigiu dos integrantes um estudo em linguagens e práticas cênicas, como a integração de instrumentos. Foto – Luiz Alves

“A nordestinidade está presente, mas não de forma limitada. Queremos retratar o humano em todas as suas contradições, transitando entre o mítico e o contemporâneo. Como Guimarães Rosa disse, ‘o sertão é o mundo’, e é essa amplitude que exploramos em cada montagem”, finalizam.

O espetáculo estreia no dia 17 de janeiro, às 20h, no Sesi Itapetininga e contará com mais cinco sessões ao longo dos próximos fins de semana. Os ingressos gratuitos estão disponíveis na plataforma Meu Sesi. É permitido dois ingressos por CPF, sendo necessário fazer cadastro no primeiro acesso à plataforma. São 60 minutos de apresentação que aproximam o público das diferentes linguagens artísticas.

 

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