Correio faz retrospectiva cultural de 2024

Diversas ações nas mais variadas linguagens artísticas marcaram o ano que está se encerrando, mostrando a diversidade e riqueza de nossa cultura. Carnaval, shows musicais, exposições, livros, peças teatrais, oficinas, documentários, entre outros, se apresentaram em espaços culturais, nas ruas ou em plataformas digitais, mobilizando milhares de pessoas.

As produções audiovisuais contempladas pela Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura, pela Secretaria de Cultura de Itapetininga, ganharam relevância em 2024.

Em 16 de julho, aconteceu a exibição do documentário “Hip Hop Itapê A Origem”, em um bar local. Foto – Reprodução/Internet

Em junho estreou, no auditório Alcides Rossi, “Hip Hop Itapê: A Origem”. O documentário narra a ascensão do movimento em Itapetininga, expondo o protagonismo da juventude periférica, a participação das mulheres e o complexo contexto de pobreza e violência que marcou a cidade na segunda metade da década de 1990. O trabalho destaca como rap, o breaking e o grafitti conquistaram uma parcela significativa dos jovens da periferia através da arte, transformando as adversidades em uma cultura autêntica e crítica.

“Teddy Vieira: um Poeta da Música Sertaneja”, de José Ricci, explorou a repercussão artística-cultural da vida e obra do itapetiningano Teddy Vieira na música brasileira. Com várias entrevistas, imagens e excelente trilha sonora, o trabalho de Ricci procura preservar a memória de um dos maiores compositores da cultura popular. A exibição ocorreu na Casa Kennedy – Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU), no dia 22 de novembro.

Também em novembro, na EE Peixoto Gomide, ocorreu a estreia do documentário, “Professora Cecília, uma História de Inclusão em Itapetininga”, de Edmundo Nogueira e Beto Hungria. O trabalho resgatou a história da professora Cecília Pimentel, que iniciou seu trabalho na década de 1960, implantando a primeira classe para surdos em uma escola pública da região numa época que não se falava em inclusão.

Violeiros durante gravação da websérie “Três Poetas de Itapetininga!, prevista para estrear no fim desse ano, em plataformas digitais. Foto – Arquivo pessoal

Bob Vieira realizou na Casa de Cultura, o lançamento da websérie “Três Poetas de Itapetininga”. Destinada ao público infanto-juvenil, este trabalho lúdico é composto por dez episódios de curta duração, divulgando as obras dos poetas Nhô Bentico, Poeta do Monte Santo (Edison de Abreu Souza) e Teddy Vieira, buscando também estimular novas produções entre as crianças.

Dirigido por Maurício Hermann, “Nego Dito – Negritude e Itapetininga” explora o racismo como estrutura, refletindo sobre as perspectivas do presente e projetando caminhos para a construção de um futuro antirracista. A primeira exibição do documentário ocorreu na sede da escola de samba da Vila Santana.
No CCBEU ocorreram as primeiras exibições “O Resgate da Lenda”. O curta-metragem conta que depois de um pesadelo, em que Tonico procura por sua mãe, ele acorda sensível ao sobrenatural. Seu amigo Beto, também sente o tremor que abala a cidade e afirma que a cobra que dorme debaixo da praça da Matriz acordou. Segundo a lenda, esse pode ser o fim de Itapetininga. Então, Tonico embarca em uma jornada para encontrar essa cobra e salvar a cidade, passando pelas principais lendas da região. Também foram produzidos pela Lei Paulo Gustavo, os curtas “Irma”, “O Invertebrado”, entre outros.

O nome “Baruio no Terrero” faz referência ao terreiro das casas, que tradicionalmente era o local onde aconteciam festividades, casamentos e outras celebrações nas comunidades rurais. Foto – Reprodução/Arquivo Pessoal

Música – Em agosto, a cantora Katia Baroni apresentou o show “Baruio no Terrero”, a performance, que mistura música e manifestações populares, resgatou e valorizou as tradições de nossa região. A apresentação ocorreu no auditório Margha Bloes totalmente lotado, recebendo inúmeros elogios do público presente.
No Sesi, os grandes destaques foram os shows externos. Milhares de pessoas curtiram os shows de Almir Sater, Bachiana Filarmônica Sesi-SP, Sidney Magal e Vanessa da Mata. Magal, em junho, fez o público vibrar com suas canções atemporais, trazendo muita emoção, alegria e nostalgia. Ansiosa, a animada plateia, reviveu momentos mágicos e cantou “Sandra Rosa Madalena”, “Tenho”, entre outros sucessos, que marcaram gerações.

Entre os momentos mais emocionantes da noite, esteve a execução de Tocando em Frente, uma das músicas mais conhecidas do artista. Composta em parceria com Renato Teixeira. Foto – Acervo

Em 30 de novembro, Almir Sater encantou o público na Vila Rio Branco com um show repleto de clássicos que marcaram sua carreira e a história da MPB. O cantor que é um dos maiores representantes do estilo caipira e da música de raiz, trouxe interpretações que fizeram o público viajar por um repertório de mais de quatro décadas. A abertura do evento contou com o violeiro e cantor Yassir Chediak.

Ainda no universo da música caipira, o Clube da Viola comandado por Zé e Bene Martins realizaram dez apresentações no decorrer do ano. O CCBEU foi o ponto de encontro de músicos da música raiz como Wilquem Junior e as duplas João Batista & João Marques e Pontual & Porto Rico, entre outros.

A tradicional Expoagro foi realizada durante os dias 12 e 21 de abril, no Recinto de Exposições Acácio de Moraes Terra. Entre as atrações do evento estiveram no palco: Ana Castela, Henrique & Juliano, Jorge & Matheus, Pixote, Luan Santana, entre outros.

A 20ª Passeata do Rock ocorreu nos dias 23 e 24 de novembro reunindo fãs e simpatizantes do gênero musical. Com a tradicional caminhada saindo do Buraco Underground até o Clube dos Bancários, na Vila Nastri, o público pode acompanhar os Disturbados, Pretense, Broken Drome, Casa de Sal, Du e seus Piolhos, Filhos da Pauta, Karamelus, Karma Sutra, Laura Paiva, Meia Boca, Mushgroove, Oliver X, Sanchos, The Caravan e Tigirlz.

No campo das Artes Visuais, Thays Leonel levou a exposição “DesIgual” que reuniu quarenta trabalhos da artista itapetiningana para o Museu Paulo Setúbal, em Tatuí. No Espaço Galeria do Sesi houve as exposições “ECO Toy”, “AR: Acervo Rotativo” e “J. Borges – O Mestre da Xilogravura”, esta última, expôs trabalhos do xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano que faleceu esse ano. Atualmente, o espaço apresenta a mostra fotográfica “Herança Compartilhada”. A exposição gratuita fica no espaço até março.

O dinâmico coletivo “Joias do Gramadinho” realizou diversas exposições nesse ano. No CCBEU, alguns trabalhos foram expostos no evento “Semana da Mulher”, e em abril a exposição de biojoias “Raízes Preciosas” ocorreu no Sesi, além de outras peças de artesanato feitas por artesãos do bairro rural.

Teatro – “85 Primaveras” foi levada ao palco esse ano pelas atrizes Ana Maria Miranda Oliveira e Irene Meira. A comédia “Agora eu tô Solteiro” marcou o retorno do Rogério Sardela aos palcos. As peças tiveram a direção de Fábio Jurera, que também dirigiu “Auto da Cida”, “Caroline”, “A Família Adams” entre outras no auditório Margha Bloes. Neste mesmo espaço a atriz Lucy Villar, do grupo Tapanaraca, apresentou seu monólogo “Joana”, inspirado na peça “Gota D´água”.

Contemplada pela Lei Paulo Gustavo, um coletivo de artistas apresentou “Nhô”. A peça, escrita por Mayara Nanini e dirigida por Milton Cardoso, foi inspirada no universo rural e urbano da região de Itapetininga na primeira metade do século 20, narrando as aventuras do menino Chico até torna-se um importante comunicador. A montagem itinerante foi apresentada em distritos rurais e na Vila Mazzei, Vila Rio Branco e Jardim Marabá.

Alba Regina é professora e diz ser “pesquisadora por vocação e de coração, porque toda a vida sempre fui muito curiosa”. Foto – Acervo pessoal

Literatura – Nesse mês a professora Alba Regina Franco Carron Luisi lançou o livro “Trilhas e Tropas” no CCBEU. Nesta obra, a autora resgata e analisa a importância do tropeirismo para o desenvolvimento do Brasil, e foca a inserção de Itapetininga, ressaltando a sua importância na Rota Tropeira.
Nesse mesmo espaço foram lançados os livros: “Das Drogas ao Triunfo” de Paulo Henrique e “Museu Carlos Ayres, Sua História, Patrimônio Material e Imaterial de Itapetininga de Walkiria Paunovic com registros fotográficos de Gustavo de Moraes.

Em novembro, a Academia Itapetiningana de Letras promoveu a movimentada 1ª Feira Literária “Nhô Bentico e Teddy Vieira” com obras de 28 escritores da cidade. O evento contou com apresentações musicais, exposição, batalha de rimas, teatro, entre outras atividades.

A relação entre poesia e resistência é um tema central em “O Coração do Deserto é Azul”. Foto – JA Castro

Ainda no campo literário, Fiori Ferrari lançou o livro de poesias “O Coração do Deserto é Azul” pela Litteralux. A obra dialoga com temas universais e propõe uma visão intimista e ao mesmo tempo vasta do universo interior do poeta. “Com uma linguagem rica em imagens evocativas e uma conexão profunda com a sua terra natal, Itapetininga, a obra convida à reflexão sobre a condição humana, revelando uma beleza singular na melancolia e uma força surpreendente na vulnerabilidade”, explica a sinopse do livro.

Evento Natalino– Fechando o ano, ocorreu o aguardado “Natal Encantado” ocorreu novamente na praça Peixoto Gomide, Centro, com apresentações de dança, música e teatro. Nas artes cênicas aconteceram as montagens “Coroa de Belém” e “Grinch quer Acabar com Natal!”. Na parte musical houve apresentações da Escola de Música Municipal, do Programa Parada Jovem, Cantata do Coral Municipal, Gabriel Rosa, entre outros.

Despedidas – 2024 foi marcado por despedidas de figuras icônicas de nossa cultura e que deixaram um riquíssimo legado.

A comunicação itapetiningana perdeu no início de janeiro sua principal voz, Carlinhos José. Dono de um estilo inconfundível, comandou com sucesso na rádio Difusora o Jornal do Meio Dia e noticiário noturno Rádio Jornal. “Sua voz parece ter ficado no inconsciente do povo itapetiningano daí ele ser chamado para falar em outros ambientes, como convenções, exposições, apresentação de políticos e personalidades que visitavam esta cidade”, explicou Ivan Barsanti Silveira.
Em 7 de fevereiro, faleceu o jornalista Hélio Rubens de Arruda e Miranda. Editor e fundador do jornal Cultura ROL e do Internet Jornal. Hélio deixou sua marca também nos jornais “Aparecida do Sul”, “Nossa Terra”, entre outros veículos. Foi um dos fundadores da Associação dos Jornalistas da Região de Itapetininga (Ajori), do Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, membro do Instituto Histórico Genealógico e Geográfico de Itapetininga e da Academia Itapetininga de Letras.

Em abril, aos 90 anos, faleceu a maestrina e professora Olga Maria de Camargo Pellegrini, destaque da cultura itapetiningana. Trabalhou na chefia de música e canto coral da Secretaria Estadual de Educação por vários anos. Organizou o coral da Associação do Bem Viver de Itapetininga. Talentosa, escreveu “Cores”, “Num Quarto de Brinquedos Nem Tudo é Brincadeira” e “Lembranças Entre Brumas”. Dirigiu “Sobre Gatos e Lebres”, de sua autoria, e a peça “Purpurina”, de Ivan Barsanti, entre outras atividades.

Faleceu em 17 de julho, o maestro Mário Cesar Chagas. Ele foi professor da Escola Livre de Música desde 1986 e regente da Banda Municipal (2010 a 2011) e do Coral Municipal (2017). Trabalhou no “Projeto Sinfônico “ que fundou juntamente com os integrantes de seu grupo “Eixo Imaginário”. Criou com a pianista Maria Isabel de O. e Silva, a “Oficina de Música”. Entre as várias apresentações com a Orquestra da Oficina de Música se destaca as apresentações regidas por ele no “Poema Sinfônico Vegetais”, com a participação do Grupo Vocal da Casa dos Adolescentes, em 2006.

Em 11 de outubro, o professor e historiador Dirceu Campos morreu aos 86 anos. Filho e neto de ferroviários, nasceu em Itararé. Aos 18 anos ingressou na Sorocabana, tornando-se líder dos telegrafistas. Fez magistério e estudou em quatro faculdades. Aposentado do sistema ferroviário, foi professor da rede pública entre os anos de 1988 e 2008. Em 1997 passou a colaborar com o jornal “Folha de Itapetininga”. É autor do livro “Histórias que a História não Contou” (2011) e coautor dos livros “Conto que nos Contam” (1997) e “Itapetininga Heróis, Feitos e Instituições” (2012).

 

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