O bullying é uma realidade presente em escolas, ambientes de trabalho e até mesmo dentro de casa. Seus impactos psicológicos podem ser devastadores, levando a quadros de ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas. Em Itapetininga, na última semana, um adolescente de 13 anos tirou a própria vida após sofrer perseguições. O ocorrido iniciou comentários sobre o tema e, a responsabilidade da sociedade em prevenir e combater esse tipo de violência.
A psicóloga e especialista e pesquisadora na área de suicidologia, Cássia Matarazzo, explica que o bullying não deve ser visto apenas como uma questão individual, mas como um fenômeno ligado a relações sociais de poder e controle. Segundo ela, o termo tem origem na palavra inglesa “bully”, que significa tirano ou brigão e caracteriza atos reiterados de humilhação e agressão contra indivíduos ou grupos vulneráveis.
Identificar se uma criança ou adolescente está sofrendo bullying pode ser um desafio. “Mudanças no comportamento são o principal indicativo”, destaca. Segundo a especialista, entre os sinais mais comuns estão isolamento social, queda no desempenho escolar, sintomas físicos como dores de cabeça e estômago sem explicação médica, além de alterações no sono e no apetite.
Outro ponto essencial é diferenciar bullying de brincadeiras normais. “O bullying tem a intenção de machucar, ocorre de forma repetitiva e envolve um desequilíbrio de poder. Se a vítima se sente humilhada e mesmo pedindo para parar as agressões continuam, trata-se de bullying”, explica.
As consequências do bullying podem ser severas. A curto prazo, a vítima pode desenvolver ansiedade, depressão, dificuldades de sono e queda no rendimento escolar. “Já a longo prazo, há um risco maior de transtornos de ansiedade crônicos, estresse pós-traumático e até comportamentos autodestrutivos”, alerta Matarazzo.
O apoio dos pais e responsáveis é essencial. De acordo com a psicóloga, criar um ambiente seguro para que a vítima se sinta à vontade para falar é fundamental. “É importante escutar sem julgar, validar os sentimentos dela e perguntar de forma aberta, sem pressionar. Ajudar a criança ou adolescente a entender que não está sozinha e que há soluções é um passo significativo”.
Além disso, oferecer apoio emocional constante e incentivar a busca por ajuda profissional são atitudes que fazem a diferença. “Psicólogos podem auxiliar no fortalecimento da autoestima e no desenvolvimento de estratégias para lidar com a situação”, reforça.
Já se o bullying ocorre dentro da escola e não há ação efetiva da instituição, a orientação da especialista é documentar os incidentes e comunicar formalmente a direção. “Caso não haja retorno, é possível buscar apoio de órgãos superiores, como a Secretaria de Educação, além de procurar apoio jurídico, se necessário”.
Pais, professores e amigos têm um papel fundamental na prevenção desse tipo de violência. Segundo Cássia, o diálogo aberto, a supervisão das atividades das crianças e o exemplo de comportamento respeitoso são atitudes fundamentais no ambiente familiar.
Nas escolas, criar um ambiente seguro e acolhedor, além de educar os alunos sobre as consequências do bullying, são estratégias eficazes. “Os professores devem estar atentos aos sinais e intervir rapidamente”, enfatiza.
Já os colegas podem ajudar oferecendo apoio às vítimas e incentivando a denúncia de casos de bullying. “Incluir todos nas atividades e não permitir que ninguém fique isolado também são formas de combater esse problema”, acrescenta.
Ela ainda diz que apoiar quem já sofreu bullying exige sensibilidade. “Atividades que promovam o autoconhecimento, práticas de autocuidado e o fortalecimento da rede de apoio são fundamentais para restaurar a autoestima”.
Ensinar as vítimas a se defenderem emocionalmente também é um passo essencial. “Trabalhar a resiliência, desenvolver habilidades de comunicação assertiva e fortalecer a rede de apoio são formas de capacitar a vítima para lidar com a situação”, finaliza.
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