Júlia Soares, de 19 anos, é apaixonada pela dança e pratica há 15 anos, quase que sua vida toda. Desde os 4 anos, quando começou suas aulas de ballet em Guareí, São Paulo, ela tem se dedicado incansavelmente a essa arte. Hoje em Itapetininga, Júlia conta que ao longo dos anos expandiu seus interesses para outras modalidades como dança contemporânea, jazz, danças urbanas e sapateado.
A paixão de Júlia pela dança tem raízes em sua família. “Quando pequena, tinha a tradição de assistir as Olimpíadas com a minha tia Andreia. Amava assistir as apresentações de ginástica rítmica e patinação no gelo”, relembra.
Ritmo dos treinos
Hoje, sua rotina é marcada por treinos intensos. Júlia divide seu tempo entre sessões de força, alongamento e aulas de dança, totalizando cerca de cinco horas diárias de preparo físico. Ela também segue um plano de exercícios recomendado por suas fisioterapeutas para prevenir lesões, essenciais para sustentar sua exigente agenda de competições e apresentações.
O volume intenso de treinos não é um problema para a bailarina. “Minha maior motivação são os meus sonhos e o meu desejo de ser a minha melhor versão diariamente. Acredito que o trabalho diário, por mais que seja mínimo, ele é importante”.
Além dos exercícios de mobilidade, Júlia também se prepara emocionalmente para os treinos e apresentações. O acompanhamento terapêutico a ajuda a controlar seu nervosismo e pensamentos negativos.
Conquistas e aprendizados
É comum que artistas possuam superstições de sorte e pequenos rituais ao se apresentarem, por exemplo. A dançarina conta que tem alguns: “Meu favorito é tocar a cabeça, a barriga, o joelho e dar dois toques no chão e um pulinho, como uma maneira de proteger meu corpo inteiro e o palco onde irei me apresentar. Antes de entrar costumo respirar bem fundo, erguendo os ombros e depois soltar todo o ar para aliviar a tensão, ou também dou 11 pulinhos, que é o meu número da sorte”.
Júlia se lembra com carinho de uma competição que participou em 2019, na qual ficou em 1º lugar na categoria Solo Jazz Júnior com um solo de sua autoria que se chamava “de dentro para fora” no Prêmio Paulista de Dança em São Paulo. O solo remetia a sua paixão pela dança, que vinha de dentro, para fora.
A bailarina também já participou como convidada na abertura 40° Festival de dança de Joinville – maior festival de dança do mundo – com a companhia do Bill T.Jones de Nova York. Mesmo com um processo seletivo muito concorrido, Júlia conseguiu participar e recebeu a proposta no dia do seu aniversário de 18 anos em 2023.
O trabalho preparativo para uma competição é diário, mas se intensificam após a inscrição, conta a dançarina. Seus ensaios de coreografia aumentam, além de provas de figurinos, penteado, maquiagem junto a adequação de uma dieta mais equilibrada e ainda mais preparo emocional. “Normalmente tento me conectar mais com a minha coreografia e a personagem que tenho que interpretar, buscando me manter um pouco afastada das redes sociais e ter boas noites de sono. Durante o processo, gosto sempre de fazer afirmações positivas, como: “eu fiz tudo o que podia até aqui”; “eu consigo” “deu certo no ensaio e vai dar certo no palco”, compartilha a bailarina.
Entre o palco e os estudos
Para além de sua carreira na dança, Júlia tem estudado para prestar vestibular para o curso de nutrição. A dançarina conta que é vegetariana desde que nasceu e sempre fez acompanhamento nutricional. “Acredito que todo esse processo me fez apaixonar pelos alimentos e quando comecei a competir, aos 11 anos de idade, entendi o lugar da nutrição na vida de um atleta”.
Júlia explica que o ballet e a nutrição caminham juntos: “Você precisa ter um corpo saudável para conseguir fazer a sua arte, afinal, o corpo é o instrumento de trabalho de nós bailarinos”. E ela ressalta o equilíbrio, sem muitas restrições ou exageros.
Seu objetivo seria de juntar suas paixões, ser uma nutricionista de bailarinos e prosperar por uma alimentação saudável, inclusiva e real. Ela esclarece que “A briga com a balança sempre estará presente no mundo do ballet, afinal é uma arte que preza pela estética. Ao longo dos anos já tivemos mudanças significativas nesse pensamento. Mas um dos meus objetivos é lutar para que a magreza extrema e hábitos não saudáveis deixem de ser normalizados, em específico no Ballet Clássico. Quero ajudar todos aqueles que sofrem com a comida e com sua aparência pelo pensamento abusivo e primitivo da cultura tóxica da magreza. Assim como eu”, adiciona a dançarina.
Ainda que a rotina de treinos e estudos para vestibular possa assustar, Júlia conta que já está habituada. Quando mais nova, além da escola, também fazia aulas de natação, teatro, canto e violino. “Sempre levei os estudos muito a sério, e tinha o meu tempo separado para estudar além da escola. O ballet sempre me deu muito disciplina, desde nova eu sabia as minhas prioridades e o impacto que elas teriam no meu futuro”, adiciona a dançarina.
Apesar da falta de tempo para uma “vida social” e, muitas vezes, a incompreensão das pessoas, a bailarina explica que estudar e dançar serve um como distração do outro. “Uma carreira na dança exige que você abra mão de muitas coisas e cabe a cada um priorizar o que era mais importante, eu pessoalmente, sempre tentava equilibrar e de certa forma, gosto da rotina agitada, me mantém em movimento”.
Transformação da paixão em conteúdo
“Logo quando comecei a participar de competições percebi o impacto que ter um nome conhecido seria importante para a minha carreira”, relata Júlia. Foi necessário participar de muitos concursos até conseguir alguns contratos. Seu trabalho com teatro e modelo comercial a fez melhoras suas habilidades e postar mais nas redes sociais.
Os conteúdos favoritos produzidos pela dançarina são os de rotina, como “arrume-se comigo” ou tutoriais de coques. “É sobre postar o que o seu público gosta de ver e me pergunto “o que eu gostaria de ver ou saber sobre a vida de uma bailarina?”. Ela também decide os conteúdos pelo alcance ou junto a alguma marca quando está em parceria.
Com isso, ela conta que teve um resultado significativo no seu nome como bailarina. “Ser reconhecida pelas redes me ajuda a alcançar um grande público durante competições e festivais e o mais legal nesse processo são as amizades que construí. Ter parcerias com marcas é fundamental e uma experiência única!”, Júlia conta que se diverte registrando sua vida e compartilhar sua arte com outras pessoas torna tudo mais especial.
“O ballet é parte de mim. Sem ballet não existe a Júlia. Quando eu danço eu sinto que a minha alma dança junto e não tem nada mais especial do que fazer algo com o coração. Representa amor, refúgio, dedicação, resiliência. O ballet vai para sempre morar no meu coração e arrisco dizer que é a coisa que eu mais amo no mundo, pois é algo que independente do que aconteça, que me deixe triste ou extremamente feliz, eu vou sempre amar incondicionalmente. Eu realmente sinto que a dança ME escolheu, ao invés de eu ter escolhido ela”, relata Júlia.
Seu desejo por dança sempre partiu dela mesma, mas sempre com incentivo e apoio de sua mãe. “Durante essa trajetória, tive professoras maravilhosas, que contribuíram para a profissional que sou hoje. Em especial a professora Dayane Fonseca que me formou em 2022 pelo Ballet Clássico e Jazz Dance, pelo Studio de Dança Dayane Fonseca em Guareí. Nos últimos 2 anos dancei pelo Studio de Dança Movimento e atualmente estou pelo Centro de Formação Artística Natália Queiroz, em Itapetininga”.
Hoje ela persiste com seu desejo de entrar em uma companhia de dança, ainda que não como bailarina clássica, já que o jazz e a dança contemporânea têm tido um espaço mais importante em sua vida. Ela adiciona que as companhias exigem o ballet clássico como base para as outras danças, assim, quem dança ballet, geralmente dança muitas outras modalidades: “É isso que nos fazem bailarinos completos.”
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