Com a popularização do home office, milhares de profissionais pelo mundo têm vivenciado uma nova forma de trabalhar. A prática, que oferece benefícios como flexibilidade e economia de tempo, também traz desafios significativos para a saúde mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A psicóloga Mariana Harumi explica que os trabalhos remotos podem ter um impacto positivo, desde que o indivíduo consiga equilibrar e colocar limites claros entre a vida pessoal e a vida profissional. “O home office não é só prejudicial, como algumas pessoas pensam. Existem benefícios em relação à flexibilidade, economia de tempo e mais convivência com a família, o que também tem um aspecto positivo”, diz.
Conforme a especialista, a socialização com os outros colaboradores do trabalho é crucial. “A longo prazo, uma das perdas que ocorrem no trabalho remoto é a da socialização. Quando o profissional sai de casa para ir ao trabalho, ele se relaciona pessoalmente com outras pessoas e acaba desenvolvendo uma ampliação de consciência nos relacionamentos. Esses relacionamentos não apenas trazem afetos, mas também conflitos que podem beneficiar a tomada de decisões e a elaboração da personalidade de cada indivíduo. Sem essa interação, a socialização pode se tornar um problema a longo prazo”, analisa Mariana.
Em relação à saúde mental, ela aponta que as pessoas mais extrovertidas, que têm uma necessidade maior de contato, podem sentir um prejuízo mais significativo em comparação com os introvertidos, que preferem menos interação social. “Para essas pessoas, é interessante que, mesmo trabalhando de casa, elas encontrem tempo para atividades que lhes tragam prazer e satisfação, como grupos de leitura ou atividades físicas”, sugere.
A falta de estrutura e disciplina pode levar à procrastinação, aumentando o risco de problemas como ansiedade e depressão. Para evitar isso, Mariana recomenda que as pessoas delimitem um horário específico para o trabalho e criem um espaço separado para essa atividade. “Mesmo em casa, o trabalho precisa ter contornos claros. Estipule horários fixos e separe dispositivos corporativos dos pessoais para ajudar a manter esse limite”, aconselha.
Ela também enfatiza a importância do autoconhecimento para lidar com o estresse ao ter o trabalho literalmente em casa. “Cada um precisa identificar o que sente e aprender a lidar com esses sentimentos, fazendo uma autorregulação emocional. Não existe uma estratégia rápida para resolver esses problemas que não passe pelo autoconhecimento”.
Por fim, reforça que é essencial entender que o trabalho é apenas uma parte da vida, e não a vida toda. “Uma mulher, por exemplo, é muito mais do que uma profissional: ela é esposa, amiga, filha, mãe. O homem é pai, marido, amigo. Compreender isso ajuda a colocar o trabalho em uma parcela adequada da vida. A comunicação clara e o estabelecimento de normas e regras dentro de casa também são fundamentais para organizar melhor o tempo e os espaços, promovendo um ambiente mais saudável e equilibrado para todos”, finaliza a psicóloga.
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