Itapetininga ainda não possui um Plano Municipal de Arborização Urbana. Embora haja ações pontuais, como plantios de árvores nativas, erradicação de espécies exóticas invasoras e pequenos projetos ambientais desenvolvidos por entidades públicas e privadas, a ausência de um plano estruturado impede que o município avance de forma organizada, planejada e sustentável, conforme aponta o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema).
De acordo com Paulo Hungria, presidente do Comdema, a falta de um plano não é recente. “Nunca houve, de fato, uma política pública sistematizada voltada à arborização urbana. A elaboração desse tipo de plano exige vontade política, recursos financeiros e mobilização da estrutura pública. Sem esses elementos, o que sobra são ações isoladas que, apesar de importantes, não produzem efeitos duradouros nem transformam de forma consistente a paisagem urbana e os indicadores ambientais da cidade”.
Ainda segundo o presidente, os benefícios de um plano de arborização são amplos e vão muito além da estética. As árvores contribuem com regulação térmica, melhoria da qualidade do ar, aumento da infiltração de água no solo, reduzindo enchentes, valorização paisagística e do bem-estar coletivo, proteção da biodiversidade local e requalificação de áreas degradadas.
“Um plano permitiria, por exemplo, identificar espécies inadequadas, como árvores exóticas que causam danos a calçadas, tubulações ou à fauna nativa e substituí-las por nativas mais apropriadas”.
A arborização urbana é um dos pilares de atuação do Conselho. “Sempre levamos nossas propostas para a municipalidade, visando apoiar os projetos que já existem e trazer novas soluções que poderão auxiliar o desenvolvimento sustentável da nossa região”, finaliza.
Mas segundo o órgão, ainda há dificuldades para a implementação. “Em primeiro ponto, é necessário envolvimento político. No segundo passo, o plano demanda investimento, para haja um levantamento especializado sobre as condições atuais e assim seja possível a propositura de adequações. A comunicação com a comunidade é essencial e integra mecanismos de educação ambiental. Por fim, será importante a estrutura da máquina pública, que executará o plano”.
Em reportagem ao Correio, em agosto de 2024, sobre o mesmo tema, o engenheiro ambiental da Unesp, Vinicius Válio, relatou que esses problemas não são recentes e permanecem sem soluções efetivas. “O meio ambiente sempre fica em segundo plano. Esse é um problema crônico que atravessa gestões”, afirma.
Entre os desafios mencionados pelo engenheiro, destaca-se a falta de arborização com um melhor direcionamento nas Marginais, onde a ausência de sombras torna inviável a prática de atividades físicas em horários de sol forte. “Nas praças, a arborização também é insuficiente. A única ação visível é a pintura dos troncos das árvores, uma prática antiquada que não contribui para o desenvolvimento adequado das áreas verdes”, critica Válio.
Além disso, ele aponta a importância de programas estaduais, como o “Município Verde Azul”, que incentivam políticas públicas voltadas para a sustentabilidade, incluindo a arborização urbana. “A adesão à programas como esse pode ajudar a cidade a desenvolver práticas mais eficientes e sustentáveis”, complementa.
Programa Município Verde Azul
Lançado em 2007 pelo Governo do Estado de São Paulo, o Programa Município VerdeAzul – PMVA tem o propósito de medir e apoiar a eficiência da gestão ambiental com a descentralização e valorização da agenda ambiental nos municípios. Assim, o principal objetivo do PMVA é estimular e auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e execução de suas políticas públicas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do estado de São Paulo.
A adesão programa ocorre a partir das prefeituras manifestando seu interesse em aderir ao programa e indicando seus representantes. No ranking ambiental dos municípios paulistas do programa (ciclo 2022-2023), Itapetininga obteve a nota 27, considerada abaixo da categoria, impossibilitando a qualificação e certificação do Município Verde-Azul.
Questionada sobre a implementação de um plano de arborização, a Prefeitura de Itapetininga não retornou ao Correio até o fim da publicação dessa matéria.
Para ler mais reportagens como essa acesse a área de Meio Ambiente.
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